quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Não estou pronta!

 Não! Não faz as malas outra vez. Volta! Eu fico quietinha.  Me faço de muda e de morta. Mas volta! Não inventa de sair por essa porta outra vez porque se você sair meu coração vai junto. E depois você volta pra tentar recolher alguma coisa. Nós dois sabemos que você sempre volta e eu sempre deixo você entrar. Eu posso beijar o chão que você pisa mil vezes se isso vai fazer você ficar, então fica.  E eu vou pra cozinha agora te preparar um café.
 Dane-se! Que você fique por pena de mim então, eu não me importo. Eu prometo que a partir de agora serei sua empregada, sua escrava, o que quiser. Farei todo final de semana sua comida preferida, farei na cama o que ordenar. Só não me deixe, querido. Não me deixe não ser ninguém na sua vida!
 Eu ajoelho, eu grito e imploro se for preciso. Não, ninguém entende e nem mesmo você consegue entender o quanto eu ainda preciso disso. Eu desejo você como se a paz no mundo necessitasse disso e eu não posso abrir mão da paz do mundo. Você também não pode, querido!
 Não corra o risco.
 Volta pra casa e deixa que eu desfaça suas malas. Eu não me importo se você vai sair de madrugada escondido para encontrar com sua amante. Eu sei. Eu já sabia a muito tempo. Mas volta! Não esquece, por favor, de voltar. Eu preciso do seu sorriso pra encher meus domingos. Preciso das migalhas de amor que você arremessa.
 Eu sei que eu vou me recuperar dessa loucura de amar você. Mas eu ainda não to pronta, querido. Eu ainda não posso abrir mão de ser escrava do meu coração e escrava do que você quiser.

 Volta! Eu ainda não to pronta. Me dê só mais uns anos pra me acostumar.    

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