Não! Não faz
as malas outra vez. Volta! Eu fico quietinha.
Me faço de muda e de morta. Mas volta! Não inventa de sair por essa
porta outra vez porque se você sair meu coração vai junto. E depois você volta
pra tentar recolher alguma coisa. Nós dois sabemos que você sempre volta e eu
sempre deixo você entrar. Eu posso beijar o chão que você pisa mil vezes se
isso vai fazer você ficar, então fica. E
eu vou pra cozinha agora te preparar um café.
Dane-se! Que
você fique por pena de mim então, eu não me importo. Eu prometo que a partir de
agora serei sua empregada, sua escrava, o que quiser. Farei todo final de
semana sua comida preferida, farei na cama o que ordenar. Só não me deixe,
querido. Não me deixe não ser ninguém na sua vida!
Eu ajoelho,
eu grito e imploro se for preciso. Não, ninguém entende e nem mesmo você
consegue entender o quanto eu ainda preciso disso. Eu desejo você como se a paz
no mundo necessitasse disso e eu não posso abrir mão da paz do mundo. Você
também não pode, querido!
Não corra o risco.
Volta pra casa e deixa que eu desfaça suas malas. Eu
não me importo se você vai sair de madrugada escondido para encontrar com sua
amante. Eu sei. Eu já sabia a muito tempo. Mas volta! Não esquece, por favor,
de voltar. Eu preciso do seu sorriso pra encher meus domingos. Preciso das
migalhas de amor que você arremessa.
Eu sei que eu vou me recuperar dessa loucura de amar
você. Mas eu ainda não to pronta, querido. Eu ainda não posso abrir mão de ser
escrava do meu coração e escrava do que você quiser.
Volta! Eu ainda não to pronta. Me dê só mais uns
anos pra me acostumar.
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